EDUCAÇÃO

Indígena Pataxó reafirma luta pela justiça ambiental

Por Cássia Peres | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Cássia Peres
Raquel Pataxó, palestrante e professora indígena, e Vanessa Ramos, diretora do Seccional Bauru do Conselho Regional do Serviço Social em entrevista ao JC
Raquel Pataxó, palestrante e professora indígena, e Vanessa Ramos, diretora do Seccional Bauru do Conselho Regional do Serviço Social em entrevista ao JC

Indígena, a professora doutora da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop/MG) Raquel Pataxó reafirmou a luta pela justiça ambiental em Bauru, onde fez palestra a convite da diretoria da Seccional Bauru do Conselho Regional do Serviço Social.

O encontro, na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção (Sintracom), realizado na manhã do último dia 30, reuniu 30 assistentes sociais para refletir e viabilizar ações em defesa das causas indígenas, informa a diretora do conselho, Vanessa Ramos. Na oportunidade, a discussão foi balizada pelo tema "Serviço Social na Luta pela Justiça Ambiental para a Diversidade de Povos e Biomas".

Raquel Pataxó, 38 anos, cresceu no território indígena Barra Velha, na Bahia, mas vive e trabalha atualmente como assistente social em Mariana, Minas Gerais. A professora universitária revela que quando ou a morar no município mineiro, há 10 anos, presenciou o maior desastre ambiental da história do Brasil - o rompimento da Barragem de Fundão, que pertencia à Samarco Mineração, uma t venture das gigantes Vale e BHP Billiton. A tragédia-crime ocorreu em 5 de novembro de 2015, quando a barragem que armazenava rejeitos de minério de ferro, se rompeu matando 19 pessoas, toneladas de peixes por asfixia e fez secar um dos entes ancestrais do povo Konak, presente no local, o Rio Doce, chamado pelos indígenas de Watu. Ações judiciais sobre o caso seguem em andamento até os dias de hoje.

Segundo Raquel, a violência contra os povos indígenas perdura em diferentes regiões, porém sempre com os mesmos fundamentos. "A história das cidades segue contada pela perspectiva dos cavaleiros desbravadores. A narrativa é que eles ergueram o mundo. Mas e quanto ao mundo indígena que foram destruídos e o cemitério que ficou sob nossos pés?", indaga. A ativista frisa que quem luta pela defesa dos povos originários, automaticamente preserva a causa ambiental, afinal, os dois elementos são pertencentes. "Os grupos tradicionais guardam a memória de que o ser humano compõe a natureza e também faz parte dela. Por isso, nossa luta é pela vida", acrescenta. Para ela, registrar as tradições e os conhecimentos dos povos é a ferramenta principal na luta em defesa da cultura indígena. "A caneta é a nossa flecha", diz.

O assunto foi escolhido para ser articulado entre os órgãos do serviço social nas esferas regional e federal, acrescenta Vanessa. "É preciso dar voz os que compreendem e se relacionam com o mundo de forma sustentável, pois é provável que estejam acertando muito mais do que nós", afirma Vanessa Ramos.

"Somos aliadas dos povos indígenas e buscamos qualificar a base da nossa categoria para que tenha condições mais adequadas de atender as demandas. A partir de agora, prevemos nos envolver com os indígenas urbanos e ampliar as iniciativas existentes na região", destaca a diretora, que citou iniciativas como a do coletivo Ação Libertária, da Apeoesp Bauru e do movimento Frente Pelo Clima.

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