POLÍTICA

Flávio Paradella: O Novo que não é tão novo

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução/Facebook
Encontro no final de semana escancara nova fase da legenda, agora ainda mais próxima do bolsonarismo.
Encontro no final de semana escancara nova fase da legenda, agora ainda mais próxima do bolsonarismo.

O fim de semana político em Campinas deixou claro: o Partido Novo já não tem nada de tão novo assim. Em seu encontro local, a legenda confirmou aquilo que já vinha se desenhando nacionalmente: o abandono do discurso liberal clássico, baseado em estado mínimo e responsabilidade fiscal, para abraçar uma postura declaradamente conservadora e cada vez mais alinhada ao bolsonarismo.

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A grande estrela do evento foi Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro e atual deputado federal. A presença de Salles — e a aclamação a ele — escancarou qual é o caminho que o Novo quer trilhar: ocupar um espaço mais à direita no espectro político, disputando diretamente eleitores conservadores, bolsonaristas e órfãos da direita tradicional.

Em Campinas, o novo comando do diretório municipal ficou com Roberta Simões, representante dessa nova linha dura. Já nomes tradicionais como Alexys Fonteyne e Ronaldo Fontolan ainda mantêm influência nos bastidores, mostrando que a mudança é parcial, mas a linha de discurso é radicalizada.

Entre as novidades, o ex-vereador Major Jaime oficializou sua entrada no Novo. Jaime vem de uma trajetória de direita mais tradicional, ligado inicialmente ao PP e depois ao União Brasil — partido que, aliás, naufragou em Campinas nas últimas eleições, empurrando lideranças como ele para novas siglas. A entrada de Jaime reforça a tentativa do Novo de se consolidar como uma legenda conservadora, especialmente no segmento de segurança pública e costumes.

Por outro lado, as baixas foram significativas. O ex-vereador Paulo Gaspar, símbolo do primeiro ciclo do partido em Campinas e único parlamentar eleito da história local do Novo, anunciou sua saída. Em contato com a coluna, foi direto: não se identifica mais com a trajetória que o partido tomou. Também deixou a legenda o ex-pré-candidato a prefeito José Afonso Bittencourt, que alegou as mesmas divergências profundas.

Wilson Matos, candidato derrotado no último pleito, ainda permanece, mas claramente como figura de menor expressão na nova configuração.

O resumo dessa reconfiguração é simples: o Novo tenta surfar a onda conservadora que ainda existe, embora cada vez mais fragmentada, buscando disputar espaço em um eleitorado que flutua entre o PL, Republicanos e PSD. Troca a pauta do liberalismo econômico puro, que já não empolgava, por bandeiras de costumes, antipetismo e apoio velado ou explícito ao bolsonarismo.

Na prática, o Novo em Campinas não traz nada novo. É apenas mais um partido tentando se reposicionar na direita, com menos ideias econômicas e mais slogans de guerra cultural.

O desafio? Em uma cidade onde o eleitorado já tem múltiplas opções nesse campo, ser apenas mais um pode não ser suficiente. Resta saber se, no novo perfil que abraçou, o Novo conseguirá mais do que apenas sobreviver. O Novo não apresentou nada novo.

O “novo” PSB

O PSB de São Paulo oficializou uma “renovação” no comando estadual durante reunião na Assembleia Legislativa. O ex-governador e atual ministro do Empreendedorismo, Márcio França, deixou a presidência da sigla, que agora a a ser exercida pelo deputado estadual Caio França, seu filho.

Enquanto Márcio França prepara sua candidatura ao governo paulista, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, foi referendado como principal liderança e negociador do partido para as articulações visando as eleições de 2026. A posição foi endossada pelo prefeito do Recife, João Campos, uma das maiores estrelas em ascensão do PSB nacional.

O partido também se movimenta para fortalecer suas fileiras. A expectativa é de que a deputada estadual Marina Helou, após a implosão interna da Rede Sustentabilidade, se filie ao PSB. Com esse movimento, ganha força a possibilidade de reaproximação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que foi candidata à Presidência da República pelo PSB em 2014, após a morte de Eduardo Campos.

Campinas ganhou mais espaço na nova configuração do partido. O deputado federal Jonas Donizette foi mantido como vice-presidente estadual, enquanto Wandão foi nomeado secretário-geral do PSB de São Paulo, consolidando a força regional da legenda.

A resposta do Gabinete de Vini

Após a coluna do último final de semana, o chefe de gabinete do vereador Vini Oliveira, Marco Castiglieri, procurou a coluna para responder os posicionamentos da ánalise feita. Dessa forma, reproduzo na íntegra o texto enviado pelo gabinete do vereador que responde a um processo de cassação na Câmara de Campinas:

“O Vereador Vini Oliveira acredita na lisura do processo e está desde o primeiro momento tratando da sua defesa. Em relação aos fatos relatados em relação a possível divergências com a Presidente da Comissão e também o Relator, se elas existem são meramente ideológicas e com certeza, levando-se em conta a longa experiência parlamentar e seriedade de ambos, temos a certeza que esse processo será conduzido da forma como deve ser, imparcial.

Em relação a base partidária: equivocadamente a nota cita o Deputado Rafa Zimbaldi como Presidente de fato do Cidadania. Rafa Zimbaldi não é, e nunca foi Presidente do Partido, muito pelo contrário. Ao que consta o mesmo “ainda’ está filiado ao partido, mas ao mesmo tempo também é Presidente do União Brasil,  e toda sua Assessoria que também estava filiada no Cidadania, já no ano ado entregou a carta de renúncia aos cargos que tinham no partido.

Em momento algum a Assessoria do Vereador soltou qualquer tipo de nota atacando o Relator nem orientando seus seguidores a atacá-lo. O que vimos foi um grande número de comentários, favoráveis e contrários, ao vídeo que ele publicou, o que é uma reação natural das pessoas e impossível de ser controlado.

O mesmo se dá em relação a médica:  em momento algum o Vereador ou sua Assessoria fez qualquer tipo de comentário e tampouco sequer citou o nome da mesma. Se o nome da Médica surgiu em algum momento, isso só se deu devido a divulgação feita pela mídia, inclusive pelo Portal Sampi, que em suas publicações estampou o nome e sobrenome da mesma. Portanto que fique claro também que não houve e não há tentativa alguma de desqualificar a denunciante”.

Atualização

Do final de semana para cá, os ‘prints’ sobre a médica Daiane Copercini e do vereador Nelson Hossri pararam de ser enviados, aos menos para o colunista. Em tempo, a Comissão Processante, formada por Mariana Conti (PSOL), Nelson Hosrri (PSD) e Nick Schneider (PL) se reuniu para iniciar e organizar os procedimentos de apuração da denúncia contra Vini.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: [email protected].

Comentários

1 Comentários

  • ANDERSON 30/04/2025
    O Novo sempre será Novo, pois é o único partido Lavajatista do Brasil, todos os demais, sem exceção, são pró-corrupção.