TRATAMENTO DOMICILAR

Envelhecimento impulsiona demanda por home care

Por Redação |
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Arquivo pessoal
A advogada Monaliza Manzatto ao lado do irmão, diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
A advogada Monaliza Manzatto ao lado do irmão, diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

O Brasil está envelhecendo rapidamente. Entre 2000 e 2023, a população com 60 anos ou mais saltou de 15,2 milhões para 33 milhões, segundo o IBGE. A projeção é que esse número chegue a 75,3 milhões em 2070, representando 37,8% da população total. Essa mudança demográfica tem provocado impactos profundos na área da saúde entre eles, o crescimento expressivo do serviço de atenção domiciliar, o chamado home care.

A assistência domiciliar, que complementa intervenções hospitalares e ambulatoriais, teve um salto de 35% na demanda apenas em 2020, impulsionada pela pandemia. Mesmo antes, o número de empresas na área cresceu 22,8% entre 2018 e 2019. Segundo o Censo NEAD 2021-2022, o setor emprega mais de 100 mil profissionais e atende quase 346 mil pacientes por ano sendo os idosos a maioria.

O home care tem se tornado essencial especialmente para pacientes com doenças raras, crônicas ou neurodegenerativas. “Com o home care, conseguimos dar ao paciente a continuidade do tratamento, com qualidade e dignidade”, explica a advogada Monaliza Manzatto. Ela se especializou em Direito à Saúde após o diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) de seu irmão em 2017.

“Comecei a judicializar o tratamento dele porque, mesmo com plano de saúde, não havia profissionais aptos para acompanhá-lo”, relata. Desde então, Monaliza estruturou um escritório voltado exclusivamente à defesa de pacientes principalmente os com ELA, AME, Duchenne e outras doenças graves com foco em garantir o o a tratamentos, medicamentos e principalmente ao serviço de home care especializado.

O atendimento domiciliar pode variar entre visitas de profissionais à residência e internações completas em casa, com uso de equipamentos de e à vida e uma equipe multidisciplinar especializada. “Para pacientes com doenças raras, o diferencial está justamente no conhecimento específico da equipe sobre a enfermidade”, destaca Monaliza.

O enfermeiro Edvaldo de Toledo, especialista em geriatria, ressalta os benefícios dessa modalidade de cuidado. “O home care proporciona conforto, segurança e bem-estar emocional. A presença da família fortalece o e afetivo e evita riscos como infecções hospitalares”, afirma. Segundo ele, a personalização do atendimento e o acompanhamento contínuo de fisioterapia e reabilitação ajudam a manter a qualidade de vida e a autonomia do paciente.

A equipe multidisciplinar é formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, entre outros. O enfermeiro, figura central nesse grupo, é o elo entre o paciente, a família e os demais profissionais. Ele istra medicamentos, aplica curativos, acompanha os sinais vitais e orienta os cuidadores sobre a rotina de cuidados.

Apesar da importância, o home care ainda enfrenta desafios estruturais no país. O o a equipamentos de alta tecnologia, como sistemas de comunicação alternativa ou dispositivos de controle ocular, é limitado tanto no SUS quanto nos convênios privados. “Esses recursos poderiam oferecer mais autonomia a pacientes em situação de alta dependência, mas seus custos são, muitas vezes, inviáveis”, diz o enfermeiro.

Além disso, há escassez de profissionais capacitados para orientar o uso correto desses aparelhos em casa, o que compromete o cuidado e a segurança do paciente. Para reverter esse cenário, especialistas defendem investimentos públicos em tecnologia assistiva, capacitação de cuidadores e expansão da rede de apoio técnico domiciliar.

Para Monaliza, seu trabalho ganhou propósito ao unir o conhecimento jurídico à luta por um cuidado mais humano e ível. “A advocacia virou uma missão de vida”, diz. Inspirada por seu irmão, que é motociclista, ela também organiza o evento “ELA nas Ruas”, um encontro de motos criado para dar visibilidade à doença. A terceira edição do evento está prevista para ocorrer entre setembro e outubro deste ano.

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