O fim de semana político em Campinas deixou claro: o Partido Novo já não tem nada de tão novo assim. Em seu encontro local, a legenda confirmou aquilo que já vinha se desenhando nacionalmente: o abandono do discurso liberal clássico, baseado em estado mínimo e responsabilidade fiscal, para abraçar uma postura declaradamente conservadora e cada vez mais alinhada ao bolsonarismo. 3p5f35
A grande estrela do evento foi Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro e atual deputado federal. A presença de Salles — e a aclamação a ele — escancarou qual é o caminho que o Novo quer trilhar: ocupar um espaço mais à direita no espectro político, disputando diretamente eleitores conservadores, bolsonaristas e órfãos da direita tradicional.
Em Campinas, o novo comando do diretório municipal ficou com Roberta Simões, representante dessa nova linha dura. Já nomes tradicionais como Alexys Fonteyne e Ronaldo Fontolan ainda mantêm influência nos bastidores, mostrando que a mudança é parcial, mas a linha de discurso é radicalizada.
Entre as novidades, o ex-vereador Major Jaime oficializou sua entrada no Novo. Jaime vem de uma trajetória de direita mais tradicional, ligado inicialmente ao PP e depois ao União Brasil — partido que, aliás, naufragou em Campinas nas últimas eleições, empurrando lideranças como ele para novas siglas. A entrada de Jaime reforça a tentativa do Novo de se consolidar como uma legenda conservadora, especialmente no segmento de segurança pública e costumes.
Por outro lado, as baixas foram significativas. O ex-vereador Paulo Gaspar, símbolo do primeiro ciclo do partido em Campinas e único parlamentar eleito da história local do Novo, anunciou sua saída. Em contato com a coluna, foi direto: não se identifica mais com a trajetória que o partido tomou. Também deixou a legenda o ex-pré-candidato a prefeito José Afonso Bittencourt, que alegou as mesmas divergências profundas.
Wilson Matos, candidato derrotado no último pleito, ainda permanece, mas claramente como figura de menor expressão na nova configuração.
O resumo dessa reconfiguração é simples: o Novo tenta surfar a onda conservadora que ainda existe, embora cada vez mais fragmentada, buscando disputar espaço em um eleitorado que flutua entre o PL, Republicanos e PSD. Troca a pauta do liberalismo econômico puro, que já não empolgava, por bandeiras de costumes, antipetismo e apoio velado ou explícito ao bolsonarismo.
Na prática, o Novo em Campinas não traz nada novo. É apenas mais um partido tentando se reposicionar na direita, com menos ideias econômicas e mais slogans de guerra cultural.
O desafio? Em uma cidade onde o eleitorado já tem múltiplas opções nesse campo, ser apenas mais um pode não ser suficiente. Resta saber se, no novo perfil que abraçou, o Novo conseguirá mais do que apenas sobreviver. O Novo não apresentou nada novo.
O PSB de São Paulo oficializou uma “renovação” no comando estadual durante reunião na Assembleia Legislativa. O ex-governador e atual ministro do Empreendedorismo, Márcio França, deixou a presidência da sigla, que agora a a ser exercida pelo deputado estadual Caio França, seu filho.
Enquanto Márcio França prepara sua candidatura ao governo paulista, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, foi referendado como principal liderança e negociador do partido para as articulações visando as eleições de 2026. A posição foi endossada pelo prefeito do Recife, João Campos, uma das maiores estrelas em ascensão do PSB nacional.
O partido também se movimenta para fortalecer suas fileiras. A expectativa é de que a deputada estadual Marina Helou, após a implosão interna da Rede Sustentabilidade, se filie ao PSB. Com esse movimento, ganha força a possibilidade de reaproximação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que foi candidata à Presidência da República pelo PSB em 2014, após a morte de Eduardo Campos.
Campinas ganhou mais espaço na nova configuração do partido. O deputado federal Jonas Donizette foi mantido como vice-presidente estadual, enquanto Wandão foi nomeado secretário-geral do PSB de São Paulo, consolidando a força regional da legenda.
Após a coluna do último final de semana, o chefe de gabinete do vereador Vini Oliveira, Marco Castiglieri, procurou a coluna para responder os posicionamentos da ánalise feita. Dessa forma, reproduzo na íntegra o texto enviado pelo gabinete do vereador que responde a um processo de cassação na Câmara de Campinas:
“O Vereador Vini Oliveira acredita na lisura do processo e está desde o primeiro momento tratando da sua defesa. Em relação aos fatos relatados em relação a possível divergências com a Presidente da Comissão e também o Relator, se elas existem são meramente ideológicas e com certeza, levando-se em conta a longa experiência parlamentar e seriedade de ambos, temos a certeza que esse processo será conduzido da forma como deve ser, imparcial.
Em relação a base partidária: equivocadamente a nota cita o Deputado Rafa Zimbaldi como Presidente de fato do Cidadania. Rafa Zimbaldi não é, e nunca foi Presidente do Partido, muito pelo contrário. Ao que consta o mesmo “ainda’ está filiado ao partido, mas ao mesmo tempo também é Presidente do União Brasil, e toda sua Assessoria que também estava filiada no Cidadania, já no ano ado entregou a carta de renúncia aos cargos que tinham no partido.
Em momento algum a Assessoria do Vereador soltou qualquer tipo de nota atacando o Relator nem orientando seus seguidores a atacá-lo. O que vimos foi um grande número de comentários, favoráveis e contrários, ao vídeo que ele publicou, o que é uma reação natural das pessoas e impossível de ser controlado.
O mesmo se dá em relação a médica: em momento algum o Vereador ou sua Assessoria fez qualquer tipo de comentário e tampouco sequer citou o nome da mesma. Se o nome da Médica surgiu em algum momento, isso só se deu devido a divulgação feita pela mídia, inclusive pelo Portal Sampi, que em suas publicações estampou o nome e sobrenome da mesma. Portanto que fique claro também que não houve e não há tentativa alguma de desqualificar a denunciante”.
Do final de semana para cá, os ‘prints’ sobre a médica Daiane Copercini e do vereador Nelson Hossri pararam de ser enviados, aos menos para o colunista. Em tempo, a Comissão Processante, formada por Mariana Conti (PSOL), Nelson Hosrri (PSD) e Nick Schneider (PL) se reuniu para iniciar e organizar os procedimentos de apuração da denúncia contra Vini.