
O bilionário Elon Musk, dono da Tesla e da Starlink, acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de estar entre os nomes citados nos documentos sigilosos do caso Epstein que ainda não foram divulgados ao público. A alegação, feita sem apresentação de provas, sugere que esse seria o verdadeiro motivo da demora na liberação total dos arquivos.
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Parte dos chamados “arquivos Epstein” foi liberada em janeiro de 2024, incluindo registros de voo, listas de contatos e documentos judiciais coletados pelas autoridades federais durante as investigações contra o financista Jeffrey Epstein e seus associados. No entanto, uma parcela significativa permanece sob sigilo.
Segundo Musk, a permanência dos documentos em segredo se deve à presença do nome de Trump entre os envolvidos. Em publicação feita nesta quinta-feira (6) em sua plataforma X, Musk afirmou: “@realDonaldTrump está nos arquivos de Epstein. Esse é o verdadeiro motivo de eles não terem sido divulgados.” Ele não apresentou nenhuma evidência que sustentasse a declaração.
Ruptura e ataques
Musk foi um dos principais apoiadores de Trump na campanha eleitoral de 2024, inclusive tendo sido nomeado para chefiar a recém-criada Secretaria de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). No entanto, o apoio se transformou em embate público após Musk deixar o cargo em maio de 2025, em meio a críticas à política fiscal do governo e à queda expressiva nas ações da Tesla.
Desde então, o empresário tem intensificado os ataques ao presidente, chamando o pacote fiscal “One Big Beautiful Bill” de “aberração nojenta” por ampliar a dívida pública e cortar subsídios para veículos elétricos.
Trump, por sua vez, não respondeu diretamente à acusação sobre os arquivos Epstein, mas voltou a criticar Musk. Em declaração feita durante reunião com o chanceler alemão Friedrich Merz, o presidente afirmou que o empresário “pirou” após perder os subsídios para carros elétricos. “Elon estava se tornando um peso. Pedi que saísse, tirei o Mandato EV que obrigava todos a comprarem carros elétricos que ninguém queria (ele sabia disso há meses!) — e ele simplesmente enlouqueceu!”, escreveu Trump em sua rede social.
O presidente também ameaçou encerrar contratos federais com empresas ligadas a Musk, como a Tesla e a SpaceX, o que, segundo ele, representaria uma economia de bilhões de dólares para o governo.
Relacionamento antigo com Epstein
Trump e Epstein mantinham uma relação de proximidade nos anos 1980 e 1990, tendo sido vistos juntos em diversos eventos sociais em Nova York e Palm Beach, na Flórida. Uma gravação de 1992 divulgada pela NBC News mostra os dois interagindo em uma festa na mansão Mar-a-Lago.
Em uma entrevista concedida em 2002 à revista New York, Trump afirmou que Epstein era “um cara incrível” e que gostava de estar cercado de “mulheres bonitas, muitas delas bem jovens”.
Registros judiciais indicam que Trump viajou ao menos sete vezes no jato particular de Epstein entre 1993 e 1997, em algumas ocasiões acompanhado de familiares. O chamado “Livro Negro” de Epstein, divulgado em 2015 e depois submetido como prova em tribunal, incluía diversos números de contato ligados a Trump.
Consequências políticas e empresariais
O embate entre os dois bilionários está repercutindo no cenário político e econômico. As ações da Tesla caíram 14% após os ataques públicos entre Musk e Trump. O empresário chegou a defender o impeachment do presidente e sua substituição pelo vice, JD Vance.
O caso também reacendeu a pressão por mais transparência: parlamentares democratas aram a exigir a liberação completa dos arquivos Epstein, questionando se o sigilo restante tem como objetivo proteger autoridades envolvidas, incluindo o presidente.
*Com informações da Al Jazeera e agências de notícias
In 1992 Trump partied with Jeffrey Epstein. Just gonna leave this here: pic.twitter.com/eUFm7cGVab
— Natalie F Danelishen (@Chesschick01) June 5, 2025